A atriz do Zorra e cantora Helga Nemeczyk atualmente está em cartaz com espetáculo musical “LAPINHA” onde faz Maria Cândida antagonista da personagem Lapinha vivida por Isabel Fillardis.
O século é XVIII. Uma cantora lírica e atriz dramática faz sucesso e aparece nos jornais com a seguinte referência: “artista de uma voz extraordinária, mas com um pequeno inconveniente: a cantora é excessivamente morena”. O texto, que hoje seria prontamente enquadrado como crime de preconceito racial, fez parte da realidade de Joaquina Maria Conceição da Lapa, ou Lapinha, como ficou conhecida a artista de origem incerta (Rio de Janeiro ou Minas Gerais?) e destino igualmente perdido nos registros históricos.
É a personagem do cenário cultural de fins do século XVII e início do século XIX que inspirou a atriz Isabel Fillardis na concepção do espetáculo musical “Lapinha”, que estreia hoje, dia 15 de outubro, no Teatro Clara Nunes.
O contexto social da época era uma questão e tanto para Lapinha, que, como conta Isabel, chegou a pintar o rosto de branco para se apresentar nos palcos e sofrer menos críticas. – Ela viveu um conflito que tentamos apresentar neste espetáculo. Usou de um artifício doloroso para fazer nascer a sua arte – diz a atriz.
A montagem, que traz trilha sonora criada especialmente para ela – canções populares e líricas interpretadas por Isabel – narra a trajetória da artista desde sua infância até o momento em que recebeu da Rainha Dona MAria a autorização para viajar e se apresentar em Portugal, onde viveu por 14 anos, conheceu o grande amor de sua vida – o poeta João Sarmento – e fez grande sucesso. – A ideia é apresentar a personagem ao público – conclui Isabel.
