Com o nome de pérolas sonoras, Sandra de Sá lança um EP com sete faixas, sendo cinco regravações de músicas que não foram trabalhadas quando de seus lançamentos
Intérprete de clássicos como: Bye bye tristeza, Sozinho, Joga fora no lixo e Demônio colorido, Sandra de Sá há tempos divide-se entre a carreira de cantora e a de líder de classe e ativista social. Neta de cabo-verdiano e nascida no subúrbio de Pilares, no Rio, Sandra se consagrou como intérprete de canções com levada de soul e black music, além de outros gêneros carregados de africanidade. Porém, sempre bebendo de várias fontes brasileiras. Por tudo isso, é figura frequente em temas ligados à cultura afro, além de ser atuante no setor de direitos humanos, igualdade social e direitos autorais – foi durante anos diretora da União Brasileira de Compositores (UBC) e em 2015, com a morte de Fernando Brant, assumiu a presidência da associação. Mas quem nasceu pra cantar não pode ficar longe dos estúdios e dos palcos. Por isso mesmo, Sandra de Sá acaba de lançar, de forma independente, um EP “encorpado”, com sete faixas e diversas participações. Intitulado Lado B, está sendo lançado por sua empresa Val Produções (na qual tem como sócios Beto Coutinho e Jorge de Sá) em parceria com a Sonora Música. “Fiz uma pesquisa minuciosa na minha discografia e descobri algumas pérolas com potencial artístico enorme, mas que ficaram escondidas nos álbuns, porque não houve tempo de serem trabalhadas quando de seus lançamentos”, justifica. Sobre os participantes, ela explica: “são todos meus amigos, não estão ali porque estão na moda. Não tenho mais tempo nem interesse de fazer coisas com pessoas com as quais não me identifico”, afirma a cantora, dizendo que no projeto ela “convidou para ser convidada”. Sandra explica melhor, entre sorrisos: “parece estranho, mas não é. Na verdade, convidei meus amigos pra participar e deixei que eles criassem os arranjos e opinassem durante as gravações, como se fossem eles os donos do projeto. Assim, eu chegava no estúdio pra gravar e tudo já estava definido, sempre com bom gosto, pois todos são excelentes profissionais”. › TIME DE PRIMEIRA Um desses convidados é Thiaguinho, que divide os vocais no belíssimo samba romântico Contrato assinado, de Chico Roque e Paulo Sergio Valle, gravado originalmente em 1991. Também em levada de samba aparece Perdidamente apaixonada (Jorge Cardoso/Beto Correa), lançada no álbum D’Sá (BMG-Ariolla), de 1993. Na regravação de Perdidamente apaixonada Sandra faz duo com seu conterrâneo Xande de Pilares. “Originalmente esta música tem sopros, mas com o Xande ficou um sambinha romântico, acelerado, gostoso pra dançar”, explica a artista. Buchecha e Dennis DJ transformaram em funk a originalmente disco music Usa e abusa (de Sandra e Junior Mendes), gravada em 1986. O DJ cuidou dos arranjos e o cantor participa da gravação com a anfitriã. O grupo Melanina Carioca também está presente na swingada. Quero ver você dançar (Tom Saga), que integra o disco lançado por Sandra em 1982. Na versão do novo projeto, o grupo empresta sua criatividade para juntar funk com rap. O bloco de regravações é fechado com uma faixa em homenagem às mulheres – Lucky, composição de Renato Rocketh de 1991, que deu título ao álbum lançado no mesmo ano por Sandra pela BMG Ariolla. Lado B traz ainda duas inéditas. Uma delas é Freneticão, com bases assinadas pelo DJ Detonna, que deixou a melodia próxima dos batidões cariocas. “O Detona é muito amigo do meu filho, não sai lá de casa. Tenho muito carinho por ele. Por isso, quando pintou esta música, concordei na hora que ele participasse da produção”, explica Sandra sobre o profissional que já trabalhou com nomes como Naldo Benny e Mc Marcinho. Outra inédita é a balada Vou ficar (Sandra/Beto Coutinho/ Edmon). “Esta é a mais romântica do repertório. Tem uma sonoridade forte, radiofônica, por isso espero que toque muito por aí”, afirma.