Quem circula entre os bairros de Santo Antônio, Rocinha, Concórdia e região, em Feira de Santana, quase não reconhece a nova paisagem. Com a requalificação avançada, a Lagoa Grande se tornou um espaço de lazer e prática de atividades físicas para a população da cidade. As obras estão 90% concluídas e serão entregues no início de 2017.
Maior intervenção urbanística realizada na história de Feira de Santana, a requalificação mudou a realidade de muitos feirenses, como a do pintor Aloísio Lima, que mora no entorno da lagoa e quase não acredita no que vê quando abre as portas da casa. “Antes, aqui era cheio de lama. Tinha rato, barata e muito mato. Depois dessa reforma ficou uma maravilha. Já apareceu até gente querendo comprar minha casa, que antes não valia nada e agora tem comprador ‘de olho’”, contou o pintor, que não pensa em se desfazer do imóvel tão cedo e já abriu uma venda de água de coco para complementar a renda da família.
A nova realidade para a população de Feira de Santana se tornou possível depois do investimento de cerca de R$ 70 milhões dos governos estadual e federal. As obras, sob responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (Conder), órgão vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), incluem o tratamento do espelho d’água, infraestrutura, requalificação urbana, pavimentação, drenagem, melhorias habitacionais e unidades sanitárias.
Lazer e esporte
Além de aprovada por moradores do entorno, a infraestrutura agrada quem sai de longe em busca de lazer. Pela primeira vez no local, a costureira e cuidadora de animais Fábia Dória, moradora de Feira de Santana, levou a família inteira e os amigos de Minas Gerais para conhecer a nova lagoa. “Moro aqui há 16 anos e ainda não havia uma opção como essa na cidade. Aqui é muito diferente, está muito bonito e fico muito feliz por, a partir de agora, poder contar com a opção de um lugar para vir encontrar as pessoas, passear e tirar fotos com a família”, afirmou Fábia.
Há também quem opte pela prática de atividades físicas no local, seja na academia ao ar livre montada à beira do espelho d’água ou caminhando, correndo e pedalando. O dentista Marcos Rios, que foi à lagoa pela primeira vez de bicicleta com dois amigos, já planeja voltar outras vezes. “Não parece Feira de Santana. Meu cunhado me mandou uma foto daqui antes de eu vir e eu não acreditei que fosse aqui. A cidade não tinha uma área como essa, e, de fato, está muito bom, muito agradável”.
Segurança
Para garantir a segurança de moradores e visitantes, a Polícia Militar permanece diariamente no local. “Durante o dia, temos policiais que ficam aqui na área da lagoa, com apoio da Base Móvel de Segurança, além de motocicletas ou viaturas. À noite, temos as viaturas que cobrem o perímetro, dando atenção a toda região do entorno, como os bairros da Rocinha e Casebe”, explica o tenente Santana Souza, oficial de operações da 66ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM).
Projeto
Dividido em quatro etapas, o projeto da Lagoa Grande vai entregar à população de Feira de Santana a recuperação de mananciais e um complexo de esporte, lazer e convivência com 2,3 quilômetros de pistas de cooper e ciclismo, quiosques, campo de futebol no tamanho oficial, quadras esportivas, estacionamento para mais de 600 veículos, espelho d’água com o tamanho aproximado do Dique do Tororó, em Salvador, espaço para eventos e uma companhia da Polícia Militar.
A lagoa foi utilizada para abastecimento de água da cidade até 1970, mas, depois de desativada, uma ocupação desordenada tomou a região. Por conta disso, 612 famílias que viviam no local foram realocadas para unidades habitacionais construídas no Núcleo Conceição, localizado a cinco quilômetros da lagoa – cerca de 300 delas com indenização. Além disso, sete mil famílias que estão no local serão beneficiadas com esgotamento sanitário, pavimentação em ruas adjacentes, urbanização, iluminação pública e paisagismo.
Para o engenheiro executivo da obra, Reginaldo Santana, os benefícios vão além do que se pode enxergar sobre o solo. “O alcance dessa obra é imenso. Temos hoje uma poligonal de intervenção de mais de um milhão de metros quadrados que vai atender toda a Bacia da Lagoa Grande, que não se restringe à área física da lagoa, mas toda uma parte importante também de drenagem, de saneamento e de tratamento de esgoto, levando tudo para o sistema de tratamento da Embasa. Além de criar mais de 6,5 mil ligações domiciliares, isso também vai deixar de poluir o subsolo da região”.