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<span> <span style=font family arial helvetica sans serif font size 10pt>Brasília A embaixadora brasileira Maria Luísa Viotti chefe de gabinete do novo secretário geral da ONU António Guterres concede entrevista aos veículos da EBC Foto José CruzAgência Brasil<span>

A crise dos refugiados da Síria é uma das grandes preocupações a ser enfrentada pelo novo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, que ocupará o cargo a partir de 1º de janeiro. De acordo com a sua futura chefe de gabinete, a embaixadora brasileira Maria Luiza Ribeiro Viotti, Guterres, no entanto, está pronto para o desafio porque passou os últimos dez anos cuidando desse tema em outros organismos internacionais.

“Ele esteve por dez anos à frente do Alto Comissariado da ONU para Refugiados e vivenciou de muito perto a escalada do problema, visitando áreas de conflitos e campos de refugiados. Então, ele trará uma experiência própria, pessoal e uma vivência muito aguda do problema”, prevê.

A embaixadora, que conversou com os veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) com exclusividade, disse ainda que Guterres focará sua gestão em promover as reformas internas necessárias à ONU. Sobre a possibilidade de que isso se reflita em mudanças na composição do Conselho de Segurança – no qual o Brasil pleiteia uma vaga há anos –, ela diz que a questão é complexa.

“A ideia de que o Conselho de Segurança da ONU precisa ser reformado vem ganhando cada vez maior aceitação e há uma convicção dos países-membros de que a reforma é necessária para tornar o conselho mais de acordo com a realidade política internacional hoje. Mas é uma questão complexa porque para reformar o Conselho de Segurança é necessário reformar a Carta da ONU e, para isso, é necessária a aprovação de dois terços dos países-membros e a aprovação e ratificação dos cinco membros permanentes”, afirma.

Clima

O desenvolvimento sustentável e a atenção às mudanças climáticas também são pautas que estarão no foco do novo secretário-geral, de acordo com a chefe de gabinete. Segundo ela, o fato de o Acordo de Paris ter sido aprovado e ratificado pelos países em tempo recorde é uma vitória, mas a implementação das medidas para conter o aquecimento global vai depender do empenho de cada país.

“Foi um acordo importante porque denota a conscientização dos países para enfrentar o aquecimento global e a mudança climática”, afirma. “É importante que o nível de atenção da sociedade e da imprensa se mantenha elevado”, destaca.

O Acordo de Paris, assinado por 195 líderes mundiais em dezembro de 2015, estabelece mecanismos para que todos os países limitem o aumento da temperatura global e fortaleçam a defesa contra os impactos inevitáveis da mudança climática.

Mulheres 

Maria Luiza Ribeiro Viotti é uma das três mulheres indicadas por Guterres para ocupar postos de comando em sua equipe. As outras duas são a ministra do Meio Ambiente da Nigéria, Amina Mohammed, que será a nova sub-secretária geral; e a coreana Kyung-wha Kang, que será assessora para assuntos políticos do novo secretário-geral.

Para a embaixadora brasileira, a representação feminina em postos de destaque tem crescido, mas ainda não é suficiente. “Estamos, sem dúvida, avançando, mas ainda num nível bastante aquém do que seria desejável”, observa.

Aumentar a paridade entre homens e mulheres na organização, segundo ela, foi um dos compromissos assumidos por Guterres em seu discurso quando foi nomeado para o cargo. “O secretário-geral tem insistido muito que é necessário fazer mais para que se possa alcançar a paridade de gênero no secretariado, sobretudo nos mais altos níveis”, afirma.

Agência Brasil