Para ser aluno da Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), unidade da Secretaria de Cultura (Secult), localizada no Pelourinho/Centro Histórico de Salvador, não precisa ser dançarino profissional, ter experiência ou um biotipo específico. Também não há limite de idade para participar dos diversos cursos. Durante todo o ano, a instituição oferece aulas para crianças, jovens e adultos. A abertura para tantos públicos busca promover a técnica, mas também reflexões sobre cultura e bem-estar.
Cerca de 1,2 mil pessoas circulam diariamente pelo espaço durante o ano letivo. No período da manhã, os adultos participam dos cursos profissionais. À tarde é a vez dos cursos preparatórios para crianças e adolescentes, de 5 a 17 anos. Já à noite, as salas são tomadas por alunos dos cursos livres. Além destes, em janeiro, há os cursos de verão, que atraem estudantes e amantes da dança de diversos países do mundo e de diferentes estados brasileiros.
O trabalho faz da escola uma referência na arte da dança. Segundo o diretor da unidade, Jacson do Espírito Santo, as atividades extrapolam a estrutura física da escola. “Buscamos promover atividades reflexivas também. Além da grade oferecida aqui no Pelourinho, onde a escola está há 32 anos, temos os núcleos de extensão no Nordeste de Amaralina e em Lauro de Freitas. Temos a pretensão de ampliar ainda mais essa modalidade, na tentativa de chegar a outras comunidades da cidade de Salvador e no interior do estado. Além das aulas, tratamos de formação artística, relações de manutenção de grupos, companhias e outras redes”.
Cursos de férias
Na quinta-feira (26), as turmas dos cursos de férias tiveram as últimas aulas com os professores. Uma destas turmas em especial, a aula de ‘Dança de Blocos Afro: Legado e Resistência’, da coreógrafa Vânia Oliveira, estava em ritmo de preparação. As candidatas a Deusa do Ébano, finalistas do Concurso Beleza Negra do Ile Aiyê, passaram por aulas de movimento, equilíbrio e também de cultura.
“Essa aula não pode ser dissociada do cunho histórico e político, da estética das danças de matrizes africanas. Dentro da sala de aula, tentamos fazer com que os estudantes passem a ter um senso crítico e um outro conceito sobre os movimentos negros baianos de resistência. É uma aula que acompanha não só a questão dos movimentos, do condicionamento e da rítmica, mas desenvolve a consciência política e o senso de pertencimento étnico-racial”, conta a professora.
Vânia, que já foi vencedora de prêmios como esse, passou a experiência que tem e ainda é inspiração para as alunas. A candidata à Deusa do Ébano, Elaine Cristina, acha que evoluiu muito com a professora. “As aulas ajudam na evolução, no equilíbrio e no movimento. São aspectos que aprendi aqui e que vou levar para o palco”.
Cursos livres
Para os cursos livres – cujas inscrições acontecem em janeiro – são oferecidas mais de 15 modalidades, entre dança moderna, stilleto, balé clássico, dança do ventre, alongamento e pilates de solo. Somente no ano passado, as aulas dos cursos movimentaram cerca de 500 alunos. Já para este ano, as aulas começam no dia 7 de março e seguem ao longo do ano. As matrículas já foram encerradas, depois da intensa procura por vagas.
Para o coordenador dos cursos livres, Robson Correia, essa é uma modalidade diferente das outras. “É livre no sentido de que não há um nenhum pré-requisito específico. Só precisa ser maior de 16 anos e acompanhado por responsável, porque temos responsabilidade com esses jovens. Não precisa ter uma experiência específica em dança. Mas também há cursos para aqueles já têm algum tipo de vivência. E por isso algumas das modalidades são separadas pelos nível de iniciante ou intermediário. Dentro das propostas da Escola de Dança, esses são cursos mais acessíveis, nesse sentido, porque são feitos para todos”.