Uma pesquisa com cidadãos de sete bairros de Juazeiro, no norte da Bahia, listou os problemas ambientais mais preocupantes da cidade e o que os juazeirenses têm feito para melhorar ou conservar o ambiente em que vivem.
Realizado pelo Programa Escola Verde (PEV), ligado à Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), o levantamento ouviu 105 populares, acima de 16 anos, e traz um dado curioso: os problemas ambientais gerados pelo coletivo e identificados pelos entrevistados são bem diferentes dos problemas que essas mesmas pessoas dizem ter gerado. É como se existissem dois mundos. O em sociedade, poluidor e irresponsável, e outro individual, onde 78% dos que responderam ao questionário dizem fazer algo para melhorar o meio ambiente.
O grupo de pesquisadores saiu às ruas entre os meses de fevereiro e outubro de 2017, nos bairros de Santo Antônio, Quidé, Novo Encontro, Castelo Branco, Alto da aliança, Angari e Centro, e nesse período apresentou formulários semiestruturados contendo 105 questões.
Das 105 pessoas ouvidas, a maioria citou poluição, desmatamento, lixo, esgoto a céu aberto, escassez de água e a crise do Rio São Francisco como sendo os problemas socioambientais mais alarmantes de Juazeiro.
O levantamento escutou moradores de todas as classes sociais, das não alfabetizadas às com nível superior completo, não sendo considerado o nível educacional como fator de maior ou menor preocupação com o meio ambiente.
Detalhamento dos dados
De acordo com os dados da Univasf, 76% dos entrevistados afirmam existir problemas ambientais em seus bairros, enquanto apenas 21% deles confessaram não fazer nada para enfrentar essa realidade. Ao mesmo tempo, 65% disseram que sempre ou quase sempre se preocupam com o meio ambiente. E listaram os principais problemas da cidade: para 29,5% dos participantes da entrevista, a produção de lixo é o que mais pesa negativamente no seu bairro, seguido do esgoto a céu aberto, com 18,9%, poluição de solo (13,7), poluição sonora (13,2), desmatamento (7,4), arborização e poluição visual (6,8), além de poluição do rio, que foi citado por 2,6% dos moradores.
A pesquisa ainda apresenta outras informações. Segundo 96% dos entrevistados, o lixo que produzem é destinado à coleta comum e apenas 1% vai para a coleta seletiva. 76% deles também afirmam que seu bairro não possui lixeiras comuns da prefeitura, embora 65% tenham lembrado que o carro do lixo passa de duas a três vezes na semana em suas ruas.
Os números também apontam que há uma sensibilização, ao menos teórica, em curso. Quando perguntados sobre como qualificam o enfrentamento dos problemas ambientais, 33% disseram ser fundamental e essencial, 40% consideram muito importante e ninguém afirmou não ter importância. Ao afirmarem isso, ainda fizeram uma listagem das ações positivas para o meio ambiente, como por exemplo: fechar as torneiras quando não for mais utilizá-las (12%), não jogar lixo nas ruas ou terrenos baldios e trocar as lâmpadas comuns por fluorescentes (11%), diminuir o tempo gasto no banho e desligar as luzes dos ambientes ao sair dos mesmos (10%).
Todos estes dados ratificam as pesquisas anteriores do PEV, realizadas quase todos os semestres, que indicaram esses problemas como sendo crônicos e que exigem enfrentamento e esforço conjunto do poder público e da sociedade em geral.