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Ataque à Igreja. Foto: Divulgação
Ataque à Igreja. Foto: Divulgação
O atentado que  ocorreu na igreja evangélica do Estados Unidos nesta semana onde nove pessoas  morreram devido aos tiros disparados por um jovem branco, de 21 anos, foi associado por instituições ligadas ao movimento negro da Bahia como um reflexo de uma onda neofascista e conservadora internacional. Acadêmicos e lideranças da luta negra comparam os diversos casos de homicídios provocados por policiais brancos contra jovens afro americanos à violência sofrida pela juventude negra no Brasil.
Segundo o Sociólogo, professor da UNEB e  e integrante do Círculo Palmarino, Fábio Nogueira, esse atentado não ocorreu de forma aleatória, muito pelo contrário, Nogueira afirma que foi um ato planejado e que tinha como principal finalidade atingir um dos  principais líderes da causa negra: Martin Luther King. ” Ele era pastor dessa igreja! O  movimento afro americano possui um relação muito grande com as igrejas. As igrejas protestantes nos EUA equivaleriam ao candomblé para os negros brasileiros. As igrejas nos Estados Unidos simbolizam espaços de afirmação de uma identidade negra e ajudam a criar laços comunitários e vínculos de pertencimento”, explica.
 De acordo com o professor da UNEB, o Brasil não está imune à essa onda neofascista e conservadora, como exemplo, o Sociólogo cita a defesa do projeto de redução da maioridade penal no Congresso Nacional, os inúmeros casos de intolerância religiosa nos quais passam  os adeptos do candomblé e a destruição dos símbolos religiosos da umbanda. “Setores da extrema direita do mundo estão realizando ações violentas com o objetivo de divulgar as ideologias conservadoras que possuem como alvos principais os negros, as mulheres e os homossexuais. A gente pode falar em um avanço do conservadorismo em escala transnacional”, pontua. 
O Sociólogo e integrante do Grupo Atitude Quilombola, instituição do movimento negro baiano, Walter Altino, salienta que está ocorrendo um ressurgimento de ideologias neofascistas em vários locais do mundo e que se manifestam em diversos aspectos. O militante destaca que o fascismo no Oriente está representado pelo Estado Islâmico na sua forma de pensar a sociedade em uma perspectiva fundamentalista na sua relação com o “outro”, sem saber lidar com a diferença.
 Para ele, o mesmo fato volta a se repetir com os genocídios gerados pelos judeus contra as crianças e jovens palestinas. O Sociólogo enfatiza que esse repúdio ao “outro” também é constatado na Europa  através de uma política xenófoba de repúdio aos estrangeiros e aos refugiados das guerras, inclusive, Altino frisa que alguns países europeus encaminharam  recentemente uma proposta ao Conselho de Segurança da ONU propondo que os navios dos estrangeiros fossem bombardeados.
” Esse atentado que ocorreu nos EUA, infelizmente, não é um fato isolado. Simboliza essa conjuntura de renascimento das princípios fascistas. No Brasil, a situação não é diferente! Presenciamos uma organização dos setores da extrema direita através da defesa da descaracterização do crime de trabalho escravo e o  ataque aos direitos indígenas e quilombolas de propriedade da terra”, esclarece Walter Altino.
Por Jaqueline Barreto

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