José Fernandes*
A fim de reduzir, consideravelmente, o desperdício de água potável nos postos de combustíveis e contribuir para sustentabilidade, hoje, é bastante comum encontrar estabelecimentos que oferecem serviços que utilizam o sistema de captação de águas pluviais. Desde 2010, esse recurso é empregado devido à lei 134/09 feita pelo poder executivo, a qual obriga os postos a instalar captação de fluídos da chuva, com o objetivo de aproveitamento para fins não potáveis.
Para compreender melhor a ação, listamos fatores importantes, que vão desde como deve-se instalar, até as novas estratégias utilizadas pelas empresas que decidiram modernizar o método.
Sabe-se que para inserção do sistema e reutilização do líquido captado, é necessário cumprir três etapas primordiais. A filtragem dos resíduos é o primeiro estágio. Ela é considerada a mais importante no processamento, já que por esse meio é retirado todos os resíduos existentes.
O processo seguinte é descartar a primeira leva filtrada, afim de eliminar sujeiras como: folhas, fezes de animais, objetos, entre outros vestígios, que possam prejudicar a filtragem das próximas remessas. Essa é uma norma feita pela Associação de Normas Técnicas – ABNT, que aconselha descartar cerca de 2 l/m².
Na sequência, é indicado que seja feito um armazenamento compatível com a necessidade do posto. Após um planejamento da quantidade de litros que será usado diariamente e o quanto poderá captar, é feito um reservatório, o qual necessita ser higienizado periodicamente.
Além de seguir esses passos, os administradores têm que ficar atentos a alguns cuidados essenciais na manutenção do sistema, que deverão ser seguidos diariamente e com muito vigor. Como o indicado no parágrafo acima, que aponta extrema importância o descarte da primeira vazão captada, com o intuito de não misturar o líquido limpo com o sujo.
A compatibilidade de litros do reservatório é outro ponto a se atentar, já que deve ser feito um espaço resistente ao peso da água e de possíveis impactos. Aconselha-se que devam ser tanques subterrâneos e pintados internamente, para que haja um bom acondicionamento da água.
CAPCHU
Mesmo com a utilização das técnicas atuais, pesquisadores da Escola Politecnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) decidiram criar um software com a função de simplificar o dimensionamento dos reservatórios para a captação e aproveitamento de água da chuva. O aplicativo nomeado CAPCHU promete com menos de um minuto cruzar informações com o regime de chuvas locais, e ainda calcular a área disponível para captação do recurso, estimar variações na demanda e volume dos reservatórios, com a finalidade de maximizar o aproveitamento dessa fonte. Além disso, o sistema avalia o tempo de amortização do investimento.
Com o uso da ferramenta, a administração e construção têm a vantagem de ter um reservatório dimensionado corretamente e atingir uma economia de tempo significativa na elaboração do projeto.
Do modo mais simples de aplicação do projeto até softwares mais avançados, não há dúvidas que a captação e utilização de águas pluviais é um grande ganho para os postos de combustíveis, e cada vez mais, os clientes desses estabelecimentos encontram o recurso ao procurar por serviços que requer o uso da água, como a lavagem de veículos, o famoso “Lava-Rápid0”. A vantagem é tanto do empreendedor, pois economiza cerca de 50% em suas contas e contribui para a natureza, com ações sustentáveis, quanto do consumidor, pois a economia gerada para os postos reflete em preços mais baixos e acessíveis.
*José Fernandes é administrador e presidente da CSMEPS – Câmara Setorial de Máquinas e Equipamentos para Postos de Serviços e Soluções de Abastecimento da ABIMAQ.