Denominado “Vale Ouro”, projeto chama para um passeio pelas belezas do rio e a atenção para o assoreamento das matas ciliares
São Francisco. É um santo. Itinerante voltou a sua vida para os pobres. Assim também é o Rio São Francisco que tem 2.700 km de extensão, nasce na Serra da Canastra em Minas Gerais, escoa pela Bahia e por Pernambuco, e chega ao Oceano Atlântico através da divisa entre Alagoas e Sergipe. Além do grande volume de água é um grande instrumento econômico e que carrega em suas margens histórias de um povo sorridente, cheio de fé e sofrimento.
Moraes Moreira descreve em sua composição São Francisco um pouco do que é esse povo e esse Rio. “O meu caminho eu escolho / Tirando o cisco do olho / Enxergo longe, me arrisco / Sou como o Rio São Francisco / Faço no tempo viagens / No espaço da noite e do dia, / Indo, fluindo às margens / De Pernambuco e Bahia / Andando por todos os lados / Sincretizando os Estados / Arrematando as costuras / Na integração das culturas / Assim como o rio promovo / O abraço que a gente precisa / Em busca do que é mais novo / Sim ultrapasso a divisa / Fazendo a ponte, sem medo (…)”.
Ao entardecer, o sol desce transformando tuas águas em espelhos de ouro. Ouro que embeleza as lavadeiras que trazem sustento para casa. Águas que levam alimento e esperança para as mesas dos ribeirinhos que vivem ao seu redor. Da força de tuas correntes, transforma água em energia para casas e residências de todo o Nordeste. Nas tuas margens, fragmentos de diversos biomas o embeleza com plantas que não precisam serem lapidadas para mostrar tamanha beleza.
Projeto
Nas margens do Velho Chico (Apelido do rio), a pé ou a passeio de barco com pescadores, o jornalista e fotógrafo Biel Fagundes, buscou eternizar momentos únicos nesse vale encantado que é o Rio São Francisco. Os registros resultaram na série fotográfica “Vale Ouro”, que é um passeio poético entre o sertão baiano e pernambucano, região Nordeste do Brasil, mais precisamente nas cidades de Juazeiro e Petrolina que são divididas pelo rio São Francisco e ligadas pela monumental ponte Presidente Dultra.
Biel Fagundes mostra com essa série fotográfica uma forma poética de sensibilizar e chamar atenção das pessoas para uma das coisas mais preocupantes até o momento sobre esse recurso hídrico: o assoreamento do rio. Muitos trechos do Velho Chico já não são mais navegáveis e a redução do volume de água, o acúmulo de areia e outros materiais no fundo do rio dificulta a navegação. A falta de vegetação nas margens dos rios e mananciais aumenta o volume de terra e areia nas margens, que acaba sendo transportada para dentro do rio, ocasionando obstrução de trechos e com isso o assoreamento.
Com um acervo de mais ou menos 100 fotografias, o projeto “Vale Ouro”, leva esse nome para dar ênfase ao riquíssimo valor do Vale do São Francisco. Juazeiro, Petrolina e região, vivem em função do Rio São Francisco. Diversas pessoas usufruem desse recurso hídrico diariamente para atender suas necessidades sejam elas profissionais ou até mesmo de lazer. Banhar-se nas águas do Velho Chico é purificar a alma.
O Rio
São Francisco banha cinco estados, recebendo água de 90 afluentes pela margem direita e 78 afluentes pela margem esquerda, num total de 168 afluentes, sendo 99 deles perenes. É um rio de grande importância econômica, social e cultural para os estados que atravessa. Folcloricamente, é citado em várias canções e há muitas lendas em torno das carrancas que até hoje persistem.
Economia
O rio São Francisco é também o maior responsável pela prosperidade de suas áreas ribeirinhas compreendidas pela dominação de Vale do São Francisco, onde cidades experimentaram maior crescimento e progresso como Petrolina em Pernambuco e Juazeiro na Bahia devido a agricultura irrigada. Essa região apresenta-se atualmente como a maior produtora de frutas tropicais do país, recebendo atenção especial, também, a produção de vinho, em uma das poucas regiões do mundo que obtêm duas safras anuais de uvas.
A Ponte
A ponte que liga os municípios de Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro na Bahia. Foi construída na década de 1950. Tem um tráfego diário de cerca de 35 mil veículos e extensão de 801 metros sobre o Rio São Francisco. A Presidente Dutra foi a segunda ponte em concreto com fios ou cabos de aço especiais de protensão do Brasil.
Energia
Uma das maiores e mais importante Usina Hidrelétrica do Brasil está na região. A Usina Hidrelétrica de Sobradinho está localizada nos municípios de Sobradinho e Casa Nova, estado da Bahia, a 40 km das cidades de Juazeiro (Bahia) e Petrolina (Pernambuco) e distante, aproximadamente 470 km do complexo hidroenergético de Paulo Afonso. A usina tem uma potência instalada de 1.050.000 kW (1.050 MW) e conta com 6 máquinas geradoras.
A Usina está posicionada no rio São Francisco a 748 km de sua foz, possuindo, além da função de geração de energia elétrica, a de principal fonte de regularização dos recursos hídricos da região. Enquanto você não pode ir visitar essa terra maravilhosa, desfrute das poéticas fotos de Biel Fagundes. Bom passeio!
Apoio
O fotógrafo Biel Fagundes busca apoio de instituições para viabilizar a realização de uma exposição poética e social “Vale Ouro”. Quem quiser conhecer um pouco mais desse e de outros projetos do fotógrafo podem entrar em contato pelos telefones (71) 99268 1579 ou (14) 99845 2606.