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Fagner no IV Festival Internacional da Sanfona. Foto: Ivan Cruz (Jacaré), Regina Lima
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Foram quatro dias de muita música na terra de João Gilberto. Com artistas brasileiros e internacionais, do forró ao tango, o IV Festival Internacional da Sanfona chegou ao último dia, neste sábado (16), com o show de Fagner, que ao lado de Targino Gondim, mostrou no palco da Orla Nova, em Juazeiro (BA), a força da cultura nordestina. Canções como ‘Riacho do navio’ e ‘A morte do vaqueiro’, do eterno Rei do Baião, Luiz Gonzaga, se misturaram aos sucessos do cantor cearense, que emocionou a plateia com ‘Borbulhas de amor’, ‘Deslizes’, ‘Jardim dos animais’ e ‘Coração alado’.

Como no dia anterior, no Centro de Cultura João Gilberto, o público cantou à capela e interagiu com os artistas. Fagner, que tem uma longa história de parcerias com os acordeonistas, ouviu suas músicas cantadas em coro pelas pessoas que lotaram a orla. “Quero dizer para vocês do fundo do coração que estou emocionado”, declarou o cantor. O show dele foi um dos mais longos, com cerca de uma hora e 40 minutos.

Atração também bastante aguardada, Targino Gondim (que também é curador do evento) conciliou o tempo entre cantar – com os hits ‘Esperando na janela’, ‘Numa sala de reboco’ e ‘Eu só quero um xodó’ – e tocar no palco com o instrumentista paraibano, Edglei Miguel, e o Quinteto Sanfônico da Bahia. Nos quatro dias do evento, ele passeou com o acordeom por vários ritmos musicais. O artista foi das melodias de Vinícius de Moraes, Chico Buarque e João Gilberto às canções de Luiz Gonzaga e Sivuca. “A sanfona no Brasil já tem uma enorme identificação com a música nordestina, e estamos conseguindo mostrar o que ela tem a mais pra o Brasil e o mundo”, ressalta.

Um dos momentos especiais do show de encerramento foi quando Targino Gondim e Fagner convidaram um dos maiores instrumentistas do Brasil, Oswaldinho do Acordeom, para tocarem juntos. Com 62 anos de idade e mais da metade na carreira artística, o mestre da gaita já tinha caído no gosto do público com sua apresentação na sexta-feira (15), no João Gilberto, quando, entre uma música e outra, narrou momentos de sua infância e de como a influência de seu pai, Pedro Sertanejo, contribuiu para ser acordeonista.

Pouco antes disso, quem esteve na orla de Juazeiro viajou para as terras argentinas com a apresentação marcante de Vanina Tagini e do bandoneonista Gabriel Merlino, que cantaram clássicos da língua espanhola, como ‘Yo soy Maria’, e ‘Quizás, Quizás, Quizás’. Os amantes da música ainda fizeram um passeio pela cultura norte-americana com a participação de Murl Sanders e um jazz tocado com o sotaque do acordeom. “Trazemos sempre atrações de outros países porque, além de internacionalizar o festival e apresentar sanfoneiros importantes, com estilos relevantes e diferentes, este intercâmbio gera visibilidade no cenário mundial para nossos artistas e para a região como todo”, afirma um dos criadores do evento, Celso de Carvalho.

IV Festival Internacional da Sanfona. Foto: Ivan Cruz (Jacaré), Regina Lima
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A festa não para

No palco montado às margens do Rio São Francisco, também se apresentaram: o conceituado acordeonista acreano, Chico Chagas, – que deu um show com as versões estilizadas de Bach e da música tema do filme ‘Missão Impossível’ – e os sanfoneiros da região Silas França, Flávio Baião e Daniel Itabaiana. Emocionado, Chagas disse que chorou ao sentir o “abraço das pessoas aos artistas e ao festival da sanfona”.

Além dos shows, outras atividades estiveram na grade da quarta edição do evento, como a exposição ‘Encontros’, que fez uma retrospectiva fotográfica dos artistas que já passaram pelo festival, e a mostra de sanfonas, que apresentou um pouco mais a marca Lettice, uma das maiores do país, para os visitantes que circularam pelo hall de entrada do Centro de Cultura. Outras ações que também chamaram a atenção foram os workshops de harmonia e improvisação musical, ministrados por Chico Chagas e Nelson Faria, e a oficina prática de sanfona, do professor Edglei Miguel. O espaço para a ‘Jam Sanfona Session’ deu oportunidade para acordeonistas da região e de outros estados se apresentarem na casa das artes do norte baiano.

Com uma produção da Toca Pra Nós Dois Produções e Eventos e Conspiradoria Projetos e Produções, o festival é patrocinado pelo BNDES através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, realizado pela Prefeitura Municipal de Juazeiro e pelo Governo Federal, através do Ministério da Cultura (MinC), além do apoio do Governo do Estado da Bahia.