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Brexit gera corrida entre britânicos por passaportes da União Europeia

Milhares de cidadãos britânicos entraram com pedido de cidadania europeia desde a votação do Brexit

Foto: Divulgação

O Brexit está tornando a Grã-Bretanha um país de duas cidadanias. Um avô irlandês é agora a posse mais prestigiada na Inglaterra, dando ao orgulhoso proprietário o direito a um passaporte europeu. Os pedidos de documentos irlandeses estão crescendo — 200 mil britânicos entraram com requerimento em 2018.

Quase metade deles são da Irlanda do Norte: qualquer pessoa na ilha irlandesa nascida antes de 2005 ou qualquer um que tenha nascido na Inglaterra, mas tenha um avô e avó irlandeses, britânicos ou “autorizados a viver na Irlanda do Norte ou no Estado irlandês sem restrições de residência” pode ser intitulado “cidadão irlandês”. A outra metade dos requerentes são britânicos vivendo fora da Irlanda que descobriram, de repente, uma infinidade de lugares de nascimentos de seus pais ou avôs.

O número de requerimentos dobrou desde o referendo que culminou na decisão de sair da União Europeia, com um grande volume de pedidos oriundos de fora da ilha irlandesa. Sem um acordo para sair da comunidade até agora, há muitas dúvidas sobre como será a relação entre ingleses e europeus: dos preços das passagens aéreas aos acordos comerciais.

Neale Richmond, presidente do comitê irlandês para o Brexit, afirmou ao jornal The Guardian que ao menos 10% da população britânica fora da Irlanda do Norte tem direito ao passaporte. É uma estatística quase impossível de se verificar com exatidão, mas se for vagamente verdadeiro, e se o Brexit seguir caminhando mal como está atualmente, é possível que o número de cidadãos irlandeses siga crescendo nos próximos anos.

A proposta de uma dupla nacionalidade pelos britânicos causada pelo Brexit ou pela necessidade de proteger direitos de residência, saúde ou trabalho, está acontecendo em toda a Europa. Uma enquete do jornal The Telegraph com seus leitores mostrou que há muitos britânicos pedindo passaportes em países como Alemanha, França, Bélgica, Suécia, Áustria, Chipre, Dinamarca, Hungria e Malta. Houve ainda uma surpreendente demanda por passaportes da Letônia, alguns de descendentes que foram para a Grã-Bretanha depois da tomada do país pelos soviéticos, em 1944.

Thomas Balderant, um gerente de computação que vive e trabalha na Inglaterra, é um dos milhares de britânicos que se tornaram “cidadãos irlandeses” recentemente: seu passaporte saiu no ano passado, de acordo com o Telegraph. “Eu queria a oportunidade de trabalhar onde eu quisesse na Europa. Não estava satisfeito com o fato de que essa oportunidade foi retirada pelos apoiadores do Brexit”, contou ao jornal. Para ter o passaporte, ele se valeu do avô, morto em 1964, nascido em Belfast, capital norte-irlandesa, no início do século 20.

As estatísticas de cidadania dupla são particularmente notáveis porque o número de britânicos elegíveis é mais alto do que qualquer outro país. Além disso, o processo de requerimento é simples: cidadania automática e livre para filhos de pessoas nascidas na Irlanda ou uma taxa de £250 (R$ 1,19 mil) para conseguir um registro irlandês caso a pessoa tenha nascido em outro país, mas tenha um avô ou avó irlandeses. O mesmo padrão é seguido em toda a Europa (exceto na Espanha e na Polônia, que não permitem cidadanias duplas — essa é a razão pela qual muitos britânicos em cidades espanholas provavelmente terão que voltar à Grã-Bretanha se o acordo com a UE não for feito).

O número de cidadãos britânicos que entraram com pedido de cidadania alemã, por sua vez, mais do que dobrou em 2017 em comparação com o ano anterior, indo de 2,8 mil para 7,4 mil. O número de britânicos que desejam ser alemães cresceu quase 10 vezes que o período anterior ao referendo. Um dos resultados do Brexit foi o aumento do número de pessoas que fugiram dos nazistas na Segunda Guerra Mundial e que agora estão reclamando justamente passaportes germânicos.

A Alemanha é extremamente popular porque aparece na terceira posição (com a França) no Henley Passport Index, que ranqueia os países pelo número de destinos em que os cidadãos podem entrar sem precisar pedir visto. O mesmo fenômeno aconteceu com as cidadanias suecas, francesas e holandesas. Sem nenhum progresso sobre a ideia do ex-primeiro-ministro Guy Verhofstadt de oferecer cidadania europeia aos britânicos mesmo depois do Brexit, aqueles que se qualificam — por nascimento, casamento ou residência — em outros países europeus estão procurando se adiantar como podem.

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