Por Glauce Paes
Ontem, sexta-feira dia 08 de março acontece o desfile das campeãs no Carnaval Paulistano, porém enquanto não acaba a festa de momo, nossa repórter acompanhou o passo a passo da apresentação de todas as escolas do grupo especial de São Paulo e preparou uma matéria bem bacana com todos os detalhes.
Na segunda noite de desfiles das escolas de samba de São Paulo, que aconteceu no Sábado (02), todas as sete escolas assim como na sexta-feira, noite anterior, cumpriram com o tempo regulamentar, porém devido a uma grande chuva que caiu sobre a capital paulista horas antes, o desfile começou com 20 minutos de atraso aproximadamente.
A primeira escola a pisar no sambódromo foi a Águia de Ouro, Campeã do Grupo de Acesso em 2018, a agremiação trouxe como enredo `Brasil, eu quero falar de você! Que país é esse!? Foi uma espécie de protesto contra a corrupção e abordou os extremos das riquezas e as malezas do nosso país. Falou do contraste entre a farra das elites sociais e o povo na rua. Em Tom politizado tratou também da ganância e da ambição dos poderosos. O carro abre alas, veio com várias águias de asas abertas, que se movimentavam no topo, num lindo carro dourado. Essa composição vinha com uma alegoria com colonizadores e índios. Em uma das alas a fantasia representava a Republica, onde através do voto livre se coloca no poder um chefe de estado eleito pelo povo para cuidar e dar condições da vida, no entanto isso ainda não aconteceu. A escola fez algumas paradas de bateria onde o publico na arquibancada cantaram esse refrão “ Meu Deus escute a Águia Cantar, Ó pai te peço – Olhai por nós! Um dos pontos altos da passagem pela Águia de Ouro na avenida.
A segunda agremiação a desfilar foi a “Dragões da Real” com o enredo “A invenção do tempo. Uma odisseia em 65 minutos” a escola veio falando do tempo que estava representada por relógios, ampulheta e calendários. Os filmes de Volta para o Futuro, e 2001 uma Odisseia no Espaço foram lembradas nas alegorias que banhados de vermelho e amarelo, se destacavam pelo brilho na avenida com contornos em preto também marcaram as alegorias. No segundo carro, o titã Cronos, deus do Tempo e filho de Urano, da mitologia grega, segura uma ampulheta. Engrenagens de relógio permearam toda a alegoria, rica em detalhes e com muito dourado. Destaque foi para a ala das Baianas que vieram representando o relógio pendulo.
A Terceira escola a “Mocidade Alegre”, que trouxe um enredo “Ayakamaé. As águas sagradas do sol e da Lua”. Apresentou uma lenda Amazônica: a do sol Deus Guaraci, e da Lua Deusa Jaci que eram amantes, mas não conseguiam se encontrar, a Lua então deu origem ao Rio Amazonas com suas Lagrimas. As águas do “Eterno Amor de Sol e Lua” foram representadas por fantasias holográficas em verde e vermelho, com bichos aquáticos de asas. A letra citou também Yara e Tupã, entidades lendárias da região amazônica. A homenagem é uma exaltação ao Amazonas. Um ponto forte da agremiação foi a explosão de cores puxadas para o neon, principalmente o verde e o amarelo.Uma das alas veio representando a Morada das Águas, onde as fantasias eram as Águas do Amor Eterno, Amor de Sol e Lua, consagrando a Morada do Samba como eterna guardiã das águas sagradas.
Por volta das 2h30 da madrugada a maior campeã do Carnaval Paulista com 15 títulos, a Vai-Vai entrou no sambódromo do Anhembi com o enredo “O Quilombo do Futuro” , a agremiação representada pelas cores preto e branco trouxe a luta contra o preconceito e em defesa das raízes africanas. Um dos carros alegóricos pediu “Poder para o povo preto”. E uma ala pregou a diversidade, pedindo o fim da homofobia e do racismo. A ala das Baianas vieram representadas de Candaces “Rainhas Guerreiras” que se firmaram com o detentoras da genuína cultura africana. Ponto alto do desfile foi uma homenagem a Marielle Franco, mortas a tiro no ano passado, onde os componentes fizeram um painel humano com seu rosto, clamando justiça.
A 5ª escola a desfilar foi a Rosas de Ouro, com o enredo “Viva Hayastan”, a escola contou a história da Republica da Armênia. O enredo lembrou um genocídio de um milhão e meio de armênios , que foram mortos pelos turcos otomanos há 100 anos. O rosa, cor padrão do grupo, esteve em todos os detalhes das alegorias e alas, em diferentes tonalidades. Predominaram ainda o azul e o branco. Uma das alas veio representando a “Primeira Nação Cristã”, quando o mundo ainda vivia na era pagã, em seu coração já existia, sendo a primeira nação Cristã crença que manteve teu povo de pé. Ao longo do desfile foi exalado o aroma de romã, fruta típica da Armênia que remete à fertilidade e é símbolo de abundância na cultura local.
A Unidos de Vila Maria, foi a sexta escola a desfilar pelo Sambódromo, trouxe como enredo “Nas Asas do grande pássaro, o voo da Vila Maria ao império do Sol” que homenageou nosso país vizinho o Peru, império do sol contando as origens do povo, culinária e belezas Naturais. Embora a escola tenha as cores verde, o azul e o branco, chamou atenção o contraste com o uso do dourado, cor que remete à cultura inca, conhecida pelos rituais e festas de exaltação ao sol. Uma ala foi dedicada especialmente aos festejos peruanos “Festa do Sol” em Cuzco que dura nove dias. Antigos rituais da civilização Inca também foram exaltados. Durante a passagem da Unidos de Vila Maria, um grupo de peruanos agitavam grandes bandeiras do Peru em celebração à homenagem.
A ultima escola a pisar no sambódromo e encerrar o desfile das escolas de samba do Grupo Especial de São Paulo, a “Gaviões da Fiel” veio com o enredo “A Saliva do Santo e o Veneno da Serpente“ uma releitura do carnaval de 1994 contando a historia do Tabaco e entrou com o céu já claro, pouco antes das 6h00 deste domingo (3), levantando a arquibancada. A escola brilhou nas cores vermelha e dourada, tendo um primeiro carro alegórico encabeçado por um demônio, uma serpente e um gavião, esse carro foi um dos maiores que vimos nesses dois dias de desfile com 4 eixos. Uma das alas veio representando Alquimia no Velho Mundo…a Busca pelo segredo mágico da felicidade, onde na Europa o Tabaco foi tido como especiaria usada em praticas pagãs, sendo associado às misteriosas poções dos velhos alquimistas, que por sua vez , sempre buscaram a formula da felicidade obtida pela longevidade.
No desfecho do samba, a agremiação encerra entoando um pedido de moderação: “Liberdade pra você/ É um raro prazer / Sabor de emoção/ Mas não abuse/ Que faz mal pro coração e pro pulmão”.