A quinta-feira foi dia de reverenciar Nosso Senhor do Bonfim, o padroeiro do coração dos baianos. A tradicional lavagem em homenagem ao santo, sincretizado como oxalá no candomblé, reuniu baianos e turistas de várias partes do Brasil e do mundo, além de autoridades. O cortejo de fé, devoção e alegria mostrou a marca que caracteriza as festas populares do estado, unindo fiéis católicos e das religiões de matrizes africanas.
Como manda a tradição, baianas, tipicamente trajadas abriram o cortejo, carregando jarros com água de cheiro (preparada com flores e folhas cheirosas utilizadas nos rituais dos terreiros de Candomblé) para o ritual da lavagem do adro da Igreja Santuário do Senhor do Bonfim. Elas foram seguidas por uma multidão, alegre e emocionada, vestida de branco. Grupos culturais, bandinhas e capoeiristas animaram o percurso.
No trajeto de oito quilômetros, feito a pé, entre a Basílica da Conceição da Praia, no bairro do Comércio, e a Colina Sagrada, onde fica a famosa Igreja do Bonfim, os participantes aproveitaram para rezar, fazer e renovar pedidos, agradecer as graças alcançadas e renovar as energias.
As demonstrações de fé e a beleza da festa estão entre os motivos que convidam os turistas a participar da lavagem, que faz parte da tradição baiana de aliar aspectos sagrados e profanos nas comemorações religiosas da Bahia. Na chegada à Colina Sagrada, muitos aproveitaram a oportunidade de banhar a cabeça com as águas perfumadas trazidas belas baianas, num gesto de fé, esperança e purificação.
O respeito às diferentes crenças chamou a atenção da paulista Tereza Novaes, que, animada, se integrou à festa com um grupo de amigas. A participação de católicos e adeptos do candomblé também deixou encantada a italiana Valentina Biancci. “É uma festa acolhedora, que reúne pessoas tão diferentes em um mesmo lugar”, destacou.
No percurso, a moradora de Roma buscou informações sobre atrativos turísticos da Bahia em um dos postos de informação da Secretaria de Turismo do Estado (Setur) instalados ao longo dos oito quilômetros do trajeto. Quem também aproveitou o serviço foi a sueca Asa Gustavii, que ganhou um colar como lembrança da Bahia.
Mãe e filhas, Carmen, Doralice e Dolores Câmara saíram do Pará, estado onde é realizado o Círio de Nazaré – uma das principais festas do turismo religioso no Brasil – para vir a Salvador participar da Lavagem do Bonfim, segunda maior festa popular do Estado, atrás apenas do Carnaval. “Do Pará ao Bonfim cheias de fé”, diziam em coro.
As homenagens ao Senhor do Bonfim seguem até domingo (15), com alvorada, missas e procissão. O encerrando se dá com a bênção do Santíssimo Sacramento e queima de fogos de artifício. Até o próximo dia 31, a igreja ficará aberta em horário prolongado, até 20 horas.
Por Marilena Neco