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Foto: Giovanni Troilo/World Press Photo
Foto: Giovanni Troilo/World Press Photo
O júri da 58ª edição do World Press Photo, maior competição dedicada ao fotojornalismo no mundo, decidiu retirar o prêmio dado ao italiano Giovanni Troilo em fevereiro. De acordo com informações da Folha de S.Paulo, o fotógrafo havia vencido na categoria de ensaios contemporâneos com o trabalho “La Ville Noir – The Dark Heart of Europe”, em que, supostamente, ele teria registrado a decadência da cidade belga de Charleroi. No entanto, após reclamação do prefeito, o júri comprovou que algumas cenas haviam sido montadas, como esta que mostra um casal fazendo sexo no carro, e que uma delas não havia sido registrada na cidade. Um primo do fotógrafo topou fazer sexo com uma garota diante da câmera.
Foto: Giovanni Troilo/World Press Photo
Segundo o júri da organização, o que foi determinante para a retirada do prêmio foi esta fotografia, que mostra um pintor criando uma obra com modelos vivos nus. O registro foi produzido na região de Molenbeek, próximo a Bruxelas, e não na cidade que o ensaio retratava. Troilo confirmou por telefone e e-mail que a imagem não foi feita em Charleroi, ao contrário do que ele havia informado anteriormente.
Foto: Giovanni Troilo/World Press Photo
Na descrição sobre sua série, Troilo diz que a região de Charleroi, na Bélgica, “sofreu o colapso da produção industrial, o aumento do desemprego, da imigração e o surto de micro-criminalidade”. “As estradas, que um dia foram frescas e puras, aparecem hoje desoladas e abandonadas, as indústrias estão fechando e a vegetação cresce nos velhos distritos industriais”, completou o italiano.
Foto: Giovanni Troilo/World Press Photo
Em entrevista ao jornal americano “The New York Times”, o fotógrafo Giovanni Troilo afirma que a decisão é uma “grande injustiça”. Ele diz que a controvérsia começou quando o próprio World Press Photo reescreveu as legendas originais das imagens, o que interpretou como uma “saída estratégica” da organização. Sobre a foto em que registrou um pintor, o fotógrafo diz se tratar de um “erro técnico, e não deturpação”. “Eu cometi um erro, não posso negar isso”, admitiu Troilo.
Foto: Giovanni Troilo/World Press Photo
O prefeito de Charleroi, Paul Magnette, enviou uma carta à organização do prêmio. O político afirma que viu o ensaio com surpresa e consternação: “O objeto fotográfico construído pelo fotógrafo é uma grave distorção da realidade, que mina a cidade e seus habitantes, bem como a profissão de fotojornalista”, disse ele. Ainda na carta enviada pelo prefeito, revelada pela revista americana Time, ele diz que Troilo utiliza técnicas que contribuem para a dramatização das imagens – como iluminação artificial -, o que caracterizaria uma cena montada.
Foto: Giovanni Troilo/World Press Photo
“O World Press Photo precisa se basear na confiança nos fotógrafos que enviam seus trabalhos e em suas éticas profissionais”, disse Lars Boering, diretor do concurso, segundo a Folha de S.Paulo. “Agora nós temos um caso claro de informação enganosa e isto muda a maneira como a história é percebida. Uma regra foi quebrada e uma linha foi cruzada”, completou ele, referindo-se à imagem registrada em outra cidade. A foto acima é uma das que compõem o ensaio do italiano Giovanni Troilo.
Foto: Giovanni Troilo/World Press Photo
A decisão de retirar o prêmio de Troilo acontece dois dias depois de o Visa Pour L’Image, tradicional festival francês de fotojornalismo, criado em 1989 e que atrai cerca de 300 mil visitante em cada edição, afirmar que não exibiria nenhuma imagem vencedora do World Press Photo em 2015 em protesto às cenas montadas pelo fotógrafo italiano.