*Por João Paulo Magalhães de Oliveira
De certo, a morte e o luto são as únicas certezas que temos nessa vida. No entanto, a maneira como nos despedimos de um ente querido difere de religião para religião, cada uma com seu credo e seus rituais. Conheça como algumas doutrinas lidam com esse momento:
Cristianismo: Acredita-se que o que é feito em vida define o caminho da alma, portanto, orações são fundamentais para que haja perdão pelos pecados e alcance o paraíso. Para o último adeus, o falecido é vestido com suas roupas habituais e adornado com flores ao seu redor. Durante a despedida, o corpo é velado com a cruz próxima a sua cabeça e com quatro velas ao seu lado, que representam a vida, morte e ressurreição. As velas ficam acesas durante todo o momento e as flores são posicionadas estrategicamente, de modo que não atrapalhe o velório.
Judaísmo: Apesar do velório dificilmente acontecer em locais que não são destinados, especialmente, aos judeus, quando ele ocorre, é inteiramente desprovido de bens materiais, já que são considerados mundanos e devem ficar na terra. O corpo do falecido é despido e enrolado apenas com uma mortalha e o caixão deve ser fechado para que mantenham a memória do indivíduo vivo. Durante o velório, o silêncio é essencial para presenciar o luto. Portanto, não deve haver ruídos externos e nenhuma coroa de flores pode entrar na sala onde acontece o velório.
Budismo: Para os budistas, a preparação para a morte é algo corriqueiro, uma vez que a sua mente é treinada para encarar a perda de um ente querido de modo menos traumático possível. Por isso, o choro é evitado para que a alma busque felicidade na vida eterna.
Islamismo: Para os mulçumanos, o velório é um intervalo entre o sepultamento e a despedida, uma vez que o corpo perde o significado após a morte. O luto é um momento de reclusão e de oração resguardado sobre o todo poderoso Alá. O preparo do corpo é minucioso e é necessário um ambiente em que os familiares e amigos do mesmo sexo do falecido dispam e lavam o cadáver de três a cinco vezes, começando pelo lado direito, para que a pureza volte a alma. Os orifícios devem ser tapados com algodão e o corpo coberto por um sudário branco e perfumado com cânfora.
Espiritismo: Os seguidores da doutrina espírita acreditam na imortalidade da alma, ou seja, o corpo é visto apenas como um instrumento de evolução dentro do plano espiritual. A palavra “morte” é substituída por “desencarne”, que significa justamente a separação do espírito do corpo físico. Para os espíritas, a alma continuará vivendo na dimensão espiritual, de acordo com as lições aprendidas enquanto estava encarnada, além de imperfeições que não foram superadas e serão trabalhadas na próxima vinda ao plano terrestre. O velório é seguido pelos mesmos preceitos cristãos, apenas pede-se para aguardar 72h para a cremação, se assim for o desejo do ente querido. Isso acontece para evitar que a alma sinta dor material enquanto parte para o mundo espiritual.
*João Paulo Magalhães é Diretor Comercial do Cemitério Colina dos Ipês, localizado na cidade de Suzano (SP).