em ,

Adoção de conteúdo digital em escola preocupa pais

Transição para a tecnologia é um processo demorado e exige participação de todos os envolvidos. Confira dicas sobre como avaliar a metodologia Em meio à tendência de adoção de tablets em sala de aula, muitos pais se mostram inseguros com o uso de equipamentos eletrônicos e material digital nas escolas. As críticas vão desde a […]

Transição para a tecnologia é um processo demorado e exige participação de todos os envolvidos. Confira dicas sobre como avaliar a metodologia

Em meio à tendência de adoção de tablets em sala de aula, muitos pais se mostram inseguros com o uso de equipamentos eletrônicos e material digital nas escolas. As críticas vão desde a qualidade do conteúdo e a dificuldade para comprar e baixar os livros on-line até o custo do material. Na última semana, pais de alunos do colégio Sigma reclamaram do acesso ao material didático digital adotado pela escola. Quem tentou comprá-lo na primeira semana de aula enfrentou problemas e demorou até três dias para receber a senha de acesso. De acordo com o colégio, o download estava disponível desde 16 de dezembro, mas o sistema ficou sobrecarregado quando muitas pessoas tentaram fazer o processo nos mesmos dias — 22 e 23 de janeiro. Apesar de o problema técnico já ter sido resolvido, ele deu início a um debate mais amplo e que evidencia preocupações dos pais.

O empresário Luiz Cláudio Mesquita, 51 anos, comprou os livros no início da primeira semana de aula e não recebeu o e-mail com o login e a senha para baixar o conteúdo no tablet. Em função do problema, demorou três dias para receber o material. A filha dele cursa o 3º ano do ensino médio no colégio e se adaptou bem aos tablets em sala de aula. Mesmo assim, ele acredita que o uso da tecnologia poderia ser aperfeiçoado e que o debate com a escola deve ser mais profundo. “Acho que vale discutir a verdadeira modernização do ensino com o uso de tablet. Na minha opinião, o uso do equipamento com o livro digitalizado não moderniza nada. Para mim, seria modernização se minha filha pudesse, por meio desse dispositivo, compartilhar conhecimentos com alunos de outras escolas ou do Sigma pela internet”, exemplifica Mesquita. Ele acredita que esse deve ser o centro da discussão, e não eventuais problemas de download do material didático. “É uma boa oportunidade de pais, alunos e escolas conversarem e buscarem um caminho melhor, e não um confronto de pais e escola”, destaca.

De acordo com o colégio, o download do conteúdo foi disponibilizado no site da Editora Geração Digital desde 16 de dezembro do ano passado, quando todo o conteúdo do 1º e 2º anos do ensino médio e do primeiro período do 3º ano foram liberados. O professor Eli Carlos Gonçalves, que participa do núcleo de produção da editora, explica que as aulas começaram em 20 de janeiro e, entre os dias 22 e 23, o número de acessos ao portal para fazer o download foi muito grande, o que sobrecarregou o sistema. Por isso, alguns pais tiveram dificuldade para acessar e comprar o material. Segundo ele, quase 100% dos alunos do 1º ano e mais de 80% dos estudantes do 2º e 3º anos já adquiriram o conteúdo. Gonçalves afirma que os professores, apesar de darem aula normalmente, não utilizarão o material nas duas primeiras semanas, portanto, o aluno que ainda não teve acesso ao conteúdo, não deverá ser prejudicado.

O professor diz ainda que a editora está aberta às opiniões dos pais e que são feitas reuniões com os alunos para ouvir críticas e sugestões. “Estamos extremamente receptivos”, diz. Gonçalves destaca que o conteúdo é aprimorado constantemente e que o compartilhamento de informações entre os estudantes é feito em sala de aula. “A construção do conhecimento compartilhado não precisa necessariamente ter relação com o material didático. É a metodologia que diz respeito a cada professor.”

Custo
A principal reclamação do servidor público José Nilton de Souza Vieira, 43 anos, pai de uma aluna do 3º ano, é a respeito do custo da adoção do material digital e dos tablets. “Nosso primeiro problema foi que, quando a escola fez a adoção do tablet, não deu uma noção de quanto custaria o livro digital em relação ao convencional”, relata. Ele afirma que gastou entre R$ 1,5 mil e R$ 1,6 mil com os livros impressos dos três anos do ensino médio do filho mais velho, e que, hoje, desembolsa cerca de R$ 1,1 mil por ano com o material digital da filha, que participou da primeira turma a adotar os tablets. O Sigma informou, no entanto, que o preço do conteúdo digital é de R$ 1.155,72, enquanto o valor dos livros impressos do 9º ano do ensino fundamental, por exemplo, é de R$ 1.210,61.

Na opinião do pai, é natural que a adaptação às novas tecnologias seja um processo demorado, mas Vieira acredita que o custo financeiro foi mais alto do que deveria. “Evoluiu menos rapidamente do que esperávamos e, no meu caso, provavelmente não usufruiremos do benefício do uso da tecnologia na sala de aula. Já que a turma da minha filha é pioneira, eu queria que não fosse tão oneroso”, detalha.

A diretora pedagógica do Sigma, Marli Pinheiro, explica que o colégio fez a transição do conteúdo impresso para o digital em 2012, com a turma do 1º ano do ensino médio. Antes disso, os próprios professores do colégio desenvolveram, durante mais de dois anos, o material didático adotado pela instituição hoje. Segundo ela, o conteúdo é interativo — traz vídeos, imagens, músicas e ilustrações animadas — e tem atualizações constantes. Marli diz que os alunos também opinam no processo e alguns estão ajudando a produzir parte do conteúdo da disciplina de espanhol. Além disso, como os próprios professores desenvolveram o conteúdo, temas ligados ao Distrito Federal, como a vegetação do Cerrado, têm mais destaque do que em materiais didáticos impressos. “Nós vimos que poderíamos possibilitar ao nosso aluno o uso de um material que faz parte do dia a dia dele, que é o tablet, com um conteúdo adaptado para a realidade e as necessidades de Brasília. É um material interativo e que passa por atualizações. Percebemos o aumento do interesse e da motivação dos estudantes”, relata.

Tendência
Dilermando Piva Jr., autor do livro Sala de aula digital (Saraiva; 152 páginas; R$ 34,90), explica que a adoção de tablets é um processo natural, como foram vários outros na história da educação — da oralidade para a escrita na Grécia Antiga, do livro para o vídeo e, finalmente, para o computador. “Mas todas essas tecnologias potencializaram o processo sem esquecer as anteriores”, lembra. Com os tablets não deve ser diferente, e o primeiro passo é a preparação dos docentes para essa nova forma de ensinar.

“Os professores devem perceber que não se trata apenas de modismo, e, sim, de uma nova ferramenta”, observa o autor. “E a mudança mais importante é entender que a posição dele de ‘centro das atenções’ ou de ‘centro do conhecimento’ muda ou é deslocada para ‘facilitador do processo de aprendizagem’. Ele vai ajudar os estudantes nesse processo”, completa. Pesquisa divulgada em 2013 pelo Pew Research Center, dos Estados Unidos, entrevistou 2.462 professores e mostrou que 67% deles acreditam que a internet tem grande impacto na habilidade de interagir com os pais e 57% dizem que ela tem o mesmo impacto para melhorar a interação com os estudantes.

Para que os pais consigam avaliar se o método utilizado nas escolas vai ajudar na formação dos filhos, o especialista sugere que eles acessem o conteúdo e façam uma análise, de maneira a ter certeza que não é apenas uma reprodução dos livros impressos. A inclusão de conteúdos em múltiplas mídias — escrita, vídeo, animações, podcasts, etc — é um sinal positivo. “Dessa forma, a mensagem chega por diversos canais. Isso, por si só, já potencializa o processo de aprendizagem”, afirma. “Além disso, as novas tecnologias estão sendo utilizadas para motivar a capacidade dos estudantes para resolução de problemas e tomada de decisão, na melhoria da comunicação e na disposição para o trabalho colaborativo”, acrescenta.

Segundo ele, há outra forte tendência na educação além da utilização de tablets em sala de aula, que é a coleta de dados sobre os estudantes por meio da utilização que ele faz dos conteúdos digitais. “Com base nas informações coletadas e num histórico (por estudante), consegue-se intervir no processo de forma mais efetiva, e em tempo de proceder uma recuperação ao longo do semestre ou ano letivo. O professor não precisa esperar o resultado da prova para verificar o desempenho dos estudantes.” Informações do Correio Braziliense

Da Folha Geral, em Salvador*

*Com colaboração de (agência, assessoria ou especialista)

Brasileira que dormiu com Bieber fez vídeos pornô, diz site

Oliveira dos Brejinhos: PM prende quatro pessoas por tráfico de drogas