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Espetáculo O “Outro lado de Todas as Coisas” traz uma homenagem à Caio F.

O solo de Duda Woyda, da ATeliê voadOR Companhia de Teatro No conto A morte dos girassóis, o escritor Caio Fernando Abreu – morto há 20 anos vítima da AIDS – disse: “depois que comecei a cuidar do jardim aprendi tanta coisa, uma delas é que não se deve decretar a morte de um girassol […]

O solo de Duda Woyda, da ATeliê voadOR Companhia de Teatro

No conto A morte dos girassóis, o escritor Caio Fernando Abreu – morto há 20 anos vítima da AIDS – disse: “depois que comecei a cuidar do jardim aprendi tanta coisa, uma delas é que não se deve decretar a morte de um girassol antes do tempo, compreendeu?”.

Caio F., como era conhecido o literário gaúcho, é o segundo escritor com mais citações nas redes sociais, com páginas repletas de milhares de seguidores de diversas gerações. Entre eles, os voadores da ATeliê VoadOR Companhia de Teatro, que estreiam no dia 01 de setembro, às 20h00, no Teatro Sesc Senac Pelourinho, o espetáculo O Outro Lado de Todas as Coisas, umaautoficção com o ator Duda Woyda.

A montagem, que ficará em cartaz até o dia 30 de setembro, sempre as quintas e sextas-feiras, às 20h00, tem dramaturgia de Djalma Thürler, que se utiliza de uma “reescrita contemporânea” para fazer uma homenagem a Caio Fernando Abreu. A peça é cheia de elucubrações a respeito do amor ou da falta dele.

Caio F. e sua impressão do amor são, sem dúvida, as maiores razões dessa montagem. “A sua visão do amor é sempre intensa, sem redes de segurança. Esse universo era paradoxal, fascinava e apavorava. A peça fala sobre isso, não adianta bancar o distante, lá vem o amor nos dilacerar de novo”, descreve Thürler.

O Outro Lado de Todas as Coisas é uma encenação com palavras simétricas que nos levam ao caos – “O pulo é o prólogo do luto”, é uma das frases que iniciam o espetáculo. Na peça, a plateia conhecerá um pouco mais do ator Duda Woyda. Resultado do Edital de Apoio a Grupos e Coletivos Culturais da Fundação Cultural do Estado da Bahia de 2014, essa encenação integra o Projeto “Solos Voadores”.

Convergência
A montagem marca a estreia dos também voadores Rafael Medrado e Marcus Lobo na direção de espetáculos da companhia. Marcus Lobo pontua que é muito gratificante trabalhar com os companheiros Duda e Rafael, e que “existe uma escuta atenta e uma cumplicidade generosa em nossa parceria”.

“Esse trabalho exigiu muita entrega e pessoalidade. O texto escrito por Djalma Thürler tem essa característica de emaranhar as histórias de Duda.W. e de Caio.F., tornando-as uma única narrativa sensível e pessoal”, explica Marcus Lobo, que integra a companhia desde 2010 e é aluno de direção teatral da Escola de Teatro da UFBA.

Lobo conta que a companhia inaugura um momento de novas experimentações. “A proposta dos Solos Voadores é investir em uma nova configuração criativa dentro dos processos. Desta forma, convergimos na poética para manter a identidade voadora e dessa forma podemos ter outros olhares estéticos potencializando o produto final”, descreve.

Com uma cenografia minimalista, o espetáculo conta com a direção de arte de José Dias, cenógrafo renomado na história do teatro brasileiro e professor da UFRJ e Unirio. As paredes da entrada do Teatro Sesc Pelourinho serão decoradas com um grande mosaico de frases dos escritores Caio F. e Clarice Lispector.

Caio F.
Conhecido pela sua literatura urbana repleta de realismo psicológico, catártica e confessional, Caio F. pautou em seus textos os sentimentos humanos da forma mais latente, inquieta, cheia de ferimentos e doloridos. Mas, acima de tudo, iniciou literariamente e amorosamente muitos de seus leitores, com contos recheados de amor.

De acordo com Djalma Thürler, “quando tratamos da Literatura de Caio, não tratamos de uma escrita amena, de leitura prazerosa, como nos velhos romances de finais felizes, trata-se de escrita inquieta, que fere e seduz, é violenta, cortante”. “Suas personagens transitam na margem do obscuro, do vazio, sua escrita não revela, antes questiona e intriga, dói porque deve doer”, reforça.

Projeto C
O Outro Lado de Todas as Coisas faz parte também do “Projeto C”, que ficará em cartaz no Teatro Sesc Senac Pelourinho nos meses de setembro e outubro, ocupando as pautas do horário para crianças – com o espetáculo A Mulher que Matou Peixes, solo com a atriz e cantora Maíra Lins – e do horário adulto com o solo de Duda Woyda.

“O ponto de partida, o que une os dois autores em torno do “Projeto C” é a compreensão de que escrever é, quase sempre, uma maldição que salva”, explica Djalma Thürler.

Foto: Leto Carvalho
Foto: Leto Carvalho

Serviço
O quê: O Outro Lado de Todas as Coisas – solo voador com Duda Woyda
Quando: de 01 a 30 de setembro, quintas e sextas-feiras, às 20h00.
Onde: Teatro Sesc Senac Pelourinho
Entrada: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

Ficha Técnica
“O Outro Lado de Todas as Coisas”
Autor: Djalma Thürler
Direção: Marcus Lobo e Rafael Medrado
Direção de Arte: José Dias
Iluminação: Marcus Lobo
Elenco: Duda Woyda
Direção Musical: Roberta Dantas
Produção: ATeliê voadOR Companhia de Teatro

Da Folha Geral, em Salvador*

*Com colaboração de (agência, assessoria ou especialista)

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